Do zeitgeist ás vibes: a virada sensível do nosso tempo.

Do zeitgeist ás vibes: a virada sensível do nosso tempo.

Do zeitgeist ás vibes: a virada sensível do nosso tempo.

O que acontece quando os dados não convencem, mas a vibe sim?

Blog Post

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15 de abr. de 2025

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por

Paulo Escrivano

Se antes vivíamos em busca da verdade, dos dados, das grandes narrativas factuais, hoje a bússola cultural aponta para outro norte: as sensações. E isso não é uma simples tendência — é uma mudança de era.

Segundo o The Guardian (“How vibes came to rule everything”, dez/24), estamos vivendo o declínio da “era dos fatos” (que nos guiou desde o Iluminismo) e a ascensão de um novo regime simbólico: o das vibes.

Mais do que um termo da internet, “vibe” virou linguagem universal — um filtro sensorial através do qual enxergamos política, arte, economia, consumo e até identidade.

Essa mudança não é aleatória. Ela nasce da crise de confiança nas estruturas racionais, alimentada por sobrecarga de informação, algoritmos e fake news. Quando tudo parece incerto, o que resta?

O sentir. A intuição. A atmosfera.

O texto traz exemplos claros:

• No Spotify, os gêneros deram lugar a playlists por clima emocional. Não importa se é pop ou indie — importa se é “melancólico”, “confiante”, “nostálgico”.

• Na moda, vemos estéticas como cottagecore ou clean girl moldando não apenas roupas, mas comportamentos e visões de mundo.

• Na política, o dado cede lugar ao clima — como no caso do termo “vibe-cession”, que descreve a sensação coletiva de crise.

Estamos vivendo o que o autor chama de uma “sensocracia”: onde a lógica é guiada não pela razão, mas pelo sentimento coletivo.

E isso tem implicações profundas para marcas, líderes e criadores. Não se trata mais de o que você entrega. Mas de como isso vibra.

A estética, a narrativa, o ritmo, o tom — tudo virou canal de conexão. E só vai sobreviver quem entender que valor cultural, hoje, é sentir antes de explicar. Como especialista, vejo isso diariamente: projetos que vencem não são os mais racionais, mas os mais vivos, os que conseguem transmitir presença, afeto, clareza sensorial.

As vibes são o novo zeitgeist.


Vamos pensar o futuro juntos?

Não dito caminhos, mas revelo possibilidades, construindo pontes que conectam marcas ao futuro.

Todos os direitos reservados ® Paulo Escrivano

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